Começo a odiar-te..

Consegues explicar-me a razão dessa cara de cu que agora afivelaste? Estavas ah espera de poder discutir, chatear, foder-me o juizo e eu que ficasse impavida e serena? Custa-me perceber que ao fim destes anos ainda nao entendeste que eu me fecho na minha bolha e desprezo o resto do mundo, se assim o entender. Tu irritas-me como sabes que me irritas. Fa-lo de proposito, porque eu bem vejo o gozo que te dá. Mas fazeres o que te apetece, dizeres o que te apetece e esperares que te receba de braços abertos todos os dias, é um bocado de presunção a mais, nao achas?

Queres que te diga por que razao me irritas? Por que razao nao gosto de falar contigo? Por que razao nao tenho gosto em estar contigo?

Porque falas levianamente do que nao sabes. Porque nao procuras saber mais e limitas-te a migalhas de informaçao. Porque as migalhas de informaçao a que tens acesso te levam a acreditar que tudo sabes, tudo opinas, sobre tudo es dono e senhor da verdade. Porque colocas essa mascara enervante de "eu sei tudo", essa cara arrogante, pedante (e se pensas que sou a unica pessoa que o diz, estas bem enganado, e quem o diz tambem nao sao apenas amigos meus). Porque me respondes com um tom de desprezo infinito na voz. Porque olhas para uma perspectiva e esqueces que ha bem mais. Porque achas que a tua verdade, a tua opiniao é a unica válida e certa. Porque ouves o que o teu pai diz com ar de certezas superlativas do universo e nem te apercebes dos disparates que ele diz "sim, meu senhor Alá, vós que sois o contentor das certezas do universo", nao discutes, nao contestas, simplesmente aceitas. Mas se for qualquer outra pessoa (e quando digo qualquer pessoa, digo que ate ja chegaste a ser malcriado para o meu pai, sem falar da minha mae, sem falar da Ana Leonor, sem falar da Ana Margarida, continuo a lista?), a primeira coisa que fazes eh fincar as unhas no pescoço e morder ate fazer sangue.

Abomino conversar contigo, odeio discutir contigo, detesto contar-te coisas Eu abro a boca para te contar algo que tenha lido, visto ou ouvido e a primeira coisa que tu registas eh que tens que ter a opiniao contraria ah minha. Nao te importa o que eu disse, nao queres saber se tem logica ou nao, so queres ser do contra.

Nao me posso esquecer da tarde que fomos ao museu Berardo em que tu me lanças a boca "ah mas o Congo nao te interessa porque?" (era Congo?). Como se eu nao pudesse desinteressar-me do Congo, como se fosse vital para o bom funcionamento do meu sistema interno saber por que leis e soberanias se rege o Congo. Mas foi o teu arzinho de superlativo desprezo "ai esta minha mulher eh tao estupida que nem se interessa pelo Congo e as suas leis politico-financeiras que tanto afectam a humanidade". Nao quero saber do Congo e quero mais eh que o Congo desapareça do mapa!

Tambem nao consigo esquecer os teus acérrimos comentarios de defesa do Acordo Ortografico que parece que ai vem, comentarios esses que estao acertados e fazem sentido, o problema eh que nao ouviste nada do que eu disse em contra. Ha pros e contras e tu so quiseste saber dos pros e quando te mostrei uma lista de contras, tu limitaste-te a encolher os ombros e a dizer "ah, pois, talvez, eu realmente nao li nada sobre o assunto, nao sei nada sobre o Acordo". Mas para me foder a molecula e contrariar tudo o que eu dizia, ja sabias tudo e mais alguma coisa sobre o dito Acordo.

E quando me lanças em cara que eu so estou em casa sem trabalhar, porque TU estas 12 horas por dia a trabalhar, fiquei com os queixos caidos no chao. Porque eu nao trabalho. Alias, a casa tem imenso pó, tem rolos de cotão a rolar pelo chão, tem as plantas por regar, as sanitas por esfregar, as camas por fazer, os tapetes por bater, o chão por aspirar, a comida por fazer, os pelos e cabelos por apanhar, a loiça por recolher, a roupa suja por lavar, a roupa limpa por estender, a roupa sempre por passar. Mas eu nao trabalho, nada de nada.

E como queres tu ter uma conversa decente se sempre que ves que disseste merda, ou que eu me irrito para alem do normal, tu dizes apressadamente "ah mas nao era isso que eu queria dizer"? Como queres que tenha respeito por ti se es um monte de cobardia que nem o que dizes es capaz de admitir que disseste? Nao es capaz de dizer "foi o que eu disse, era o que queria dizer no momento porque estava chateado e quis aborrecer-te"? Porque esta historia de se poder dizer o que se quer e depois retractar-se do que se disse... olha, amor, tambem eu!

Eh como a coisa das putas que ves na net (ou vias, dizes tu). Tu nunca entendeste que o que me chateava nao era que as visses.. era que me mentisses sobre isso. Queres que eu te diga que nao vejo coisas porno na net? Eh mentira, eu vejo e nao me importo de o admitir. Mas ver, gostar, procurar e depois negar que se viu, gostou e procurou... isso eh doentio.

Tu tens comportamentos que nao lembram o Diabo. Tu escondes, negas, mentes, recusas, abusas, usurpas. Tens reacçoes de miudo de 15 anos apanhado com a mao na pila a masturbar-se freneticamente.

Haja paciencia para te aturar. Eu ja nao tenho muita e dentro em breve rebento e mando-te passear, para nao dizer "vai pro caralho".

Ai desculpa querido, mandei-te pro caralho, mas nao era isso que eu queria dizer.