Um universo de mulheres do mundo

quarta-feira, 12 de março de 2008

A minha filha e a Mari Luz (desculpem lah a parte das baboseiras maternais)


A minha filha tem cinco anos. Ha cinco anos que tudo na vida começou a fazer sentido para mim. Eu acordei de noite mil vezes soh para ver se ela respirava. Todas as noites vou ah cama dela ver se estah tapada, bem posicionada na cama (as vezes tem o rabo de fora) e se a chucha (xiu, ela nao quer que se saiba que ainda usa chucha, ai "chupete" mama, dimelo en espanol) nao voou para o chao. Vou busca-la a escola, pergunto-lhe o que aprendeu, levo-a a lanchar, vemos filmes juntas, cozinhamos juntas algumas vezes (sempre que aquelas maozinhas gordinhas conseguem nao espalhar 1 quilo de farinha pela cozinha!), ouvimos as musicas da Leopoldina e do Shrek, rimo-nos quando tentamos lamber o nariz uma da outra, choramos quando lhe dou palmadas no rabo rechonchudo e gritamos quando se arma em tola. Pergunto-me como serah ela quando for maior, se vai ser bonita e inteligente, se vai sofrer muito por amores mal resolvidos, se vai escolher o curso que lhe assente bem, se se vai deixar cair na trampa das drogas, se se vai levantar de tudo o que a mande a baixo e, sobretudo, quantas vezes pedirah a minha mao para que a guie e ajude.

Ate hoje ainda nao encontrei uma unica palavra que consiga descrever a quinta parte do que sinto por ela.

Ate ha pouco. E descobri que a palavra que define bem o que sinto por ela eh uma palavra horrivel e da pelo nome de MEDO. Tenho os medos que todos os pais tem mas hoje descobri que tenho muito, mas muito medo que a minha filha desapareça. Descobri que a pequena espanhola que desapareceu ha 2 meses foi encontrada morta. Talvez seja menos mau saber que estah morta do que viver na incerteza, nao sei, nunca perdi a minha filha, especulo.

Antes de a terem encontrado, parece que houve um alerta vindo de Italia sobre uma menina que fora encontrada e que acreditavam ser a Mari Luz. E lah vai o pai da miuda disparado a Napoles, com um olhar ternurento de esperança nos olhos, via-se-lhe o noh na garganta enquanto esperava. E nao era a filha dele. E enquanto o via, quase senti um pouco do horror que ia na alma do homem e soube que ter filhos eh ter medo.

Com tudo o que de maravilhoso acarreta, finalmente entendi por que razao a minha mae era chata comigo. E por que razao tinhamos todos horas pra estar em casa e o bip's sempre ligados (nop, nao havia telemoveis). E quando ela me pedir para começar a vir sozinha da escola? E ir lanchar com as amigas? E sair com os amigos? E namorar com nao sei quem? E serah que vai ter cuidado? E serah? E serah? E serah?

Felizmente, estes traumas so vem ao de cima de vez em quando, senao acho que ficava louca. Mas, claro, a outra palavra que encontro para definir o que sinto por ela eh ORGULHO. Um amor orgulhoso que estala no peito e rebenta cah dentro e me faz respirar fundo e rir e chorar e olhar para ela com estes meus olhos que nada mais fazem que escorrer amor por ela (quando me zango suponho que deitam chispas lol).

E tudo isto porque descobri que ser mae eh uma profissao nao remunerada ah qual nunca chega o dia da reforma.

(nao sei de quem eh o raio da foto)

5 comentários:

chuva boa disse...

:)

bonito.

realmente, estar do outro lado deve ser mesmo diferente. todas as vezes que me chateei com os meus pais por nao me deixarem sair ou fazer qualquer coisa - o que até foi pouco, tirando as vezes que estava de castigo... que pensando bem, foram mais que muitas!

é algo sobre o qual nao posso opinar, ainda me mantenho apenas no lado de filha, mas que acredito que deve ser sufocante. entre o deixar fazer e o medo, com todas estas merdas que se tem vindo a passar.

sao baboseiras maternais bonitas
:)

Perola Luna disse...

LINDO!!!

e a tua filha é LINDA!!!

beijos para as 2!!

Ritititz disse...

Não sou mãe, mas sou a irmã mais velha que sempre foi um bocadinho mãe...e há 6 meses para cá, sem ocupar o lugar dela, passei a ser integral porque ela já não está cá e, mesmo sem palavras, sei que me deixou esse "Medo" de que falas no coração.
Um aperto no peito, um receio constante, uma aflição, um sofrer pelo coração deles porque queremos poupa-los a todo e qualquer sofrimento e desgosto, como se isso fosse possível.
Acho que é o único amor que é verdadeiramente incondicional e intemporal.

Dejando huella disse...

Oh.. Deve ser mesmo. A unica coisa que quero em troca eh ver aquela carinha toda feliz.

Pedro (Raga) disse...

bonito conjunto de frases que se poderiam resumir numa só palavra: amor