Um universo de mulheres do mundo

terça-feira, 29 de abril de 2008

Cem anos de penitencia. Ou de solidão.


Hoje começo com os meus 100 anos de penitencia. Sorte a minha que nao viverei tanto. Mas ate ao ultimo dos meus dias, ou pelo menos enquanto o sentimento me durar, penitenciarei.

Ha 24h que percebi que tinha que te deixar ir embora de mim mesma, que tinha eu que te largar. Quer eu quisesse, quer nao, esta distancia que nos separa algum dia deitaria as garras de fora e me diria em jeito manhoso que assim nao dá e nunca dará.

Amei-te quase todos os dias durante mais de um ano, senti na pele a tua pele, os teus dedos no meu corpo todo, a tua boca em mim, a minha em ti, eu ja não sabia se eu era eu ou uma extensão de ti. Provavelmente houve momentos em que nos fundimos de verdade, numa amalgama de duas pessoas sem principio nem fim, para logo nos separarmos num sorriso de duas pessoas que somos e assim gostamos.

Tu nunca gostaste que eu me perdesse como me tenho perdido. Sempre gritaste para trazer ao de cima a rapariga que sabes que aqui dentro se debate mas que se afogou e sucumbiu. A rapariga que agora vive eh uma sombra, um nada, um autómato sem vontades. De vez em quando chispam-me faulhas nos olhos mas rapidamente alguem deita um balde de agua na minha alma.

Estas ai, longe como sempre, inutil e inutilizado temporariamente. Deitado nessa cama que nunca vi, sofrendo dores que nunca tas ouvi, esperando horas que nunca te acompanhei. E eu aqui, longe, longe, longe..

Ha mais de um ano que parei a minha vida nesta incerteza do querer e nao querer, saber e nao conseguir dizer, cobardia atras de cobardia, mentira atras de mentira, fraqueza atras de fraqueza. E quando a estalada da distancia embateu em mim, na noite passada, percebi que te impeço de viver tranquilo, contigo mesmo, com elas tres. Sofri como nunca, desesperei na impotencia de te poder ajudar e agora, que te sei seguro nessa cama de hospital, continuo a gritar mudamente esta minha inutilidade. Nao posso confortar-te, nao posso consolar-te, nao posso aconchegar-te, nao posso chorar-te, nao posso ouvir-te sussurrar no sono.

Nada posso e nada poderei. Assim que prefiro deixar-te seguir em frente. Amo-te Carlos Querido.


(sei la de onde eh a imagem)

11 comentários:

chuva boa disse...

que fuerte.

mas ha decisoes que as vezes tem que ser tomadas. mas tens a certeza?

a vida é mesmo so uma...

Dejando huella disse...

Nao, nao tenho certezas nenhumas, de nada. So sei que estoicamente deveria deixa-lo ir, mas nao quero. Sinto-me infeliz sem ele, gosto dele, quero respira-lo..

chuva boa disse...

e nao consegues dar a volta a coisa? claro que as escolhas implicam sempre a perda de algo...

Dejando huella disse...

Ha muita coisa em jogo, tenho que ser um pouco calculista e pensar nas coisas de forma fria e racional.

E nao sei quem estou a tentar enganar.. vivo olhando para o tlm a espera de uma msg..

Vai passar, nao vai?

chuva boa disse...

queres que te diga que sim? nao sei se estaria a ser muito sincera... passar sim, ok, eventualmente. mas e o sentimento que tens tua ai dentro? e as coisas que sabes que estas a perder e que gostarias de te-las?

e consegues pensar nas coisas de forma fria e racional?

nao te enganes a ti propria. acho que é o fundamental.

Dejando huella disse...

Nice. Vou ali cortar o tendao de Aquiles, ja volto...

chuva boa disse...

ei! naooooooo!
acho que so tens que ser verdadeira contigo mesma! mas isso as vezes... oh, DH, nao sei que te diga! acho que é melhor nao dizer mais nada! se precisares mandar caralhadas e tudo e tudo, estou aqui!

Fozeira disse...

Que forte mesmo...se calhar tenho fugido dessas paixões avassaladoras porque me aterroriza perder alguém, perder a pessoa...

É tão péssimo quando investimos tempo, quando gostamos tanto que o coração nos salta de dentro do peito, quando amamos alguém e esse alguém não telefona, não escreve, não está ali...

Eu sei o que é isso e não o quero mais para mim...

Até já estou a ficar com um nó no estomago!!:(

Beijinho

Osga disse...

Após uma relação de longo tempo acho q estou estupidamente linear:

Não dá? Segue a vida!

Não tenho disponibilidade temporal e psicológica se a outra parte tb não o tiver ( só espero não morder a língua com isto ).

PS: Onde é que eu já vivi isto! :|

Dejando huella disse...

:)

I'll do it. Um dia, de alguma forma, porei um pe a frente do outro e caminharei sozinha.

Que lirica estou.

Obrigada meus amigos blogoesfericos. Um dia faremos como no velho mundo IRC e combinaremos um encontro? Aqui em Madrid?

Fozeira disse...

Eu aceito o encontro em Madrid...:)
É pena só estar por Lisboa na 4ªf, senão poderia ser em territorio nacional...

Beijinho